Получи случайную криптовалюту за регистрацию!

​ (I. Вступление на русском языке см. в предыдущем посте.) | Татьяна Карпеченко. Переводчик португальского языка | Tatiana Karpechenko. Tradutora PT-RU

(I. Вступление на русском языке см. в предыдущем посте.)
II. А для Мозамбика речь у меня отчасти другая. Без упоминания Блока.

Considerando o ponto de partida da reunião de hoje [22.10.2022. — T. K.], as palavras do escritor homenageado Luís Bernardo Honwana que “em algum momento a literatura é um exercício de autobiografia”, eu poderia explicar esta frase também do ponto de vista de leitor: literatura é um exercício de autobiografia quando escrita e também quando lida, quando renova o contexto que o leitor traz na sua memória, e este contexto ajuda a analisar a obra-prima moçambicana. Sendo uma leitora russa, ao ler o conto “Nós matámos o Cão-Tinhoso”, logo lembro-me das obras russas clássicas sobre sofrimentos de animais: conto “Mumu” (1852) e poema em prosa “Pardal” (1878) de Ivan Turguêniev, novela “Kholstomier” de Liev Tolstói (1863), conto “Kashtanka” (1887) de Anton Tchekhov, também novela “Bim Branco, Orelha Negra” de Gavriil Troepolski, publicada no século XX, já depois da publicação da obra do Honwana. Vale a pena compará-las. Todas as obras mencionadas são significativas, profundas, algumas são inovadoras, como “Kholstomier” com um narrador cavalo. Todas são populares. Mas a chamada linha geral da literatura russa constrói-se das outras obras, com personagens seres humanos, assim como Onéguin de Púchkin, Petchórin de Liérmontov, Oblomov de Gontcharóv, Klim Samguin de Máximo Gorki etc., das esperanças, dúvidas e decepções destes e de outros personagens. Neste contexto a atitude de Moçambique já é original. O fato que a literatura moçambicana independentista nasceu do livro que contém o conto sobre cão e assinala suas datas comemorativas referindo-se a este conto — este fato é tocante. Que tal fazer na Rússia o mesmo com poema em prosa “Pardal” de Turguêniev?

Por outro lado, escrever um conto tocante com valor estético além de valor sentimental e valor educativo é um desafio. Na idade de vinte e dois anos o jovem escritor Luís Bernardo Honwana já mostrou-se como mestre de ritmo de prosa. Mestre livre, pois ele usa livremente repetições, palavras compostas de maiúsculas, frases em negrito — tudo que algum revisor com atitude formal tiraria fora. Mas tudo isto tem seu lugar e seu papel no texto, porém nem só disto nasce o ritmo. Fiquei com a impressão que ele nasce também de motivo de busca de responsabilidade. Com todo respeito a prosa russa, o conto moçambicano ficou muito especial, pois o narrador assume a culpa logo no título e a divide com os outros personagens. As frases curtas deles batem uma noutra, ecoam ao redor da figura central do Cão-Tinhoso, e ela, como se fosse um badalo de um sino, faz ressoar o espaço do conto. É um efeito de bola de neve, na minha visão russa. Velho, fraco, doente, só capaz de tremer, sangrar e olhar, Cão-Tinhoso torna-se forte porque ele está no foco da atenção de todos.

É impressionante também o fato que muitas pessoas de vários países reuniram-se para discutir uma obra da década de sessenta do século XX…

#португальский #literatura_lusófona #prosa_lusófona #literatura_moçambicana #prosa_moçambicana #contos #leitura #eventos #литература #мозамбикская_литература #переводчик #литературная_критика

Мозамбикский писатель Луиш Бернарду Онвана. Портрет на обложке газеты A Feira